Vou já avisar que isto tem sangue e é uma experiência...... eu não me responsabilizo por nenhumas imagens que tenham :P
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A lua cheia observava a cidade, a luz a iluminar o caminho a alguns que estavam a tentar chegar a casa antes dos criminosos decidirem sair.
Uma rapariga olhava a porta à sua frente, mão na maçaneta. Era estranho estar a ver aquela porta que lhe era tão conhecida mas que agora parecia-lhe estranha. Verdade que agora a normalidade lhe pareça um sonho tornado realidade também....
Abriu-a e entrou na casa, ignorando a mancha que ficou onde agarrara. Estava escura e silenciosa e ela teve de pensar se era a mesma casa que queria duas vezes pela falta de seres vivos. De uma certa forma, estava agradecida por não ver ninguém, por outra, estava preocupada.
Ligou o interruptor, piscando os olhos várias vezes para se habituar à luz, e foi até ao calendário. Pestanejou de surpresa quando viu que era Novembro. 'Seis meses....' pensou e observou os rabiscos nos dias anteriores, cheios de sítios e números e não conseguiu evitar o sorriso fraco e triste de lhe aparecer "Desculpem..." murmurou.
Decidiu recomeçar a andar até olhar para a cozinha 'Se calhar devia comer-'
-o grito de dor quase irreconhecível, o cheiro a carne queimada, a pegarem-lhe na mão para longe daqueles guinchos e sangue, por cima de corpos-
Quase que não chegou a tempo à casa de banho.
O estômago contraiu-se mesmo quando já nada mais tinha para vomitar deixando-a com o sabor ácido na boca e a mistura de cheiros que lhe fez ficar tonta. Quando o estômago se acalmou, puxou o autoclismo e levantou-se um bocado tremida, apoiando-se no lavatório. Distraidamente olhou para o reflexo dela no espelho.
Olhos cor de mel contrastavam com o sangue na cara que também cobria o cabelo habitualmente castanho claro com madeixas loiras dando aparencia de cabelo castanho escuro com nós que ela tinha a sensação nunca iriam sair. As roupas estavam rasgadas e encharcadas de tal maneira que nunca iriam ser recuperadas 'De qualquer maneira, nunca mais as iria vestir.' acrescentou, olhos enevoados de emoções e memórias que não queria rever.
Quase automaticamente, para relaxar, ela entrou no duche assim e ligou a água que desceu gelada pelo corpo. A água que ia para o esgoto estava vermelha.
Ficou debaixo da água durante algum tempo. Minutos ou horas ela não sabia. O tempo deixara de fazer sentido onde tinha estado e o relógio biológico dela iria demorar algum tempo a voltar ao normal 'Isso é, se voltar...'
Saiu de lá e cambaleou ao longo do corredor e das escadas até entrar num quarto - no quarto dela.
Vagamente ela sabia que não era boa ideia adormecer encharcada como ela estava mas o seu lado recional pareceu ter ido tirar férias bem longe, deixando-a com o lado que lhe dizia para ir dormir.
Caiu na cama exausta, já a dormir antes da cabeça tocar na almofada.