Não sei o que me possuiu mas escrevi isto..... e postá-lo..... (err.... aviso de sangue?)
Os sons de alguém a cozinhar e a cantarolar vinham da cozinha. Um mulher cozinhava e franziu as sobrancelhas quando viu que não tinha nenhum molho de tomate para o prato.
Comprar molho de tomate.
O som da chave a destrancar a porta soou mas ela ignorou-o, continuando a fazer a sua lista mentalmente e a cozinhar.
Tenho de lavar a roupa.
Uma breve gargalhada veio da entrada e ela parou de cortar a couve para a soupa por uns segundos.
Amanhã tenho de levar a tarte para o trabalho. É a minha vez.
O ruído surdo de passos estava a ir para a direcção dela.
Tenho de limpar a cozinha e a casa-de-banho.
Sentiu braços a abraçar-lhe a cintura e um sopro de ar perto da sua orelha antes do múrmurio e o beijo no pescoço. Ela nem pestanejou.
Também tenho de lavar os pratos. A máquina avariou.
Um sorriso estava na cara do homem quando se afastou. Não estava minimamente chateado que ela não tivesse reagido "Vou para a sala."
Um quase imperceptivel assento da cabeça e ele deu de frosques.
Os lençois precisam de ser mudados.
Ela parou de cortar quando se apercebeu que mais nada tinha para esse efeito.
Preciso de um banho... mas o canalizador tem de vir.
Ouviu alguém a cantar. Com uma expressão indecifrável, ela foi ter com o seu marido, a faca na sua delicada mão.
Os tapetes estão enxutos. Já os posso pôr na sala.
Viu-o sentado no sofá, à frente da televisão, totalmente ignorante dela.
É preciso varrer o quarto.
Uma voz inocente e ele virou-se, um sorriso outra vez na sua cara. A faca estava atrás das costas, bem escondida da vista.
A Júlia disse para eu fazer aquele relatório.
Ele levantou-se e foi ter com ela, até a meio do corredor.
O carro vai ter de tomar banho.
Rapidamente a faca está espetada no peito dele, exactamente sobre o coração.
Tenho de ir ver o jantar se não, ele fica queimado.
Volta a atacar o peito e degola o corpo. Ela deixa o braço descair e a faca cair-lhe da mão.
A televisão precisa de um acerto.
A cara dela não mostra emoção. As roupas pingam de sangue e ela olha fixamente, sem remorso, para a cara do cadáver, para sempre numa expressão de surpresa e incompreensão, olhos abertos sem o minimo brilho de vida.
Preciso de levar o lixo fora.
O telefone toca e ela o atende, pintando onde agarra de vermelho. A voz alegre dela soa e responde à amiga.
Sexta tenho aquele passeio. Preciso de ver as minhas roupas.
Ela desliga primeiro e olha para a poça de líquido viscoso novamente. O cheiro a cobre é intenso e ela torce o nariz.
Tenho de Limpar o corredor outra vez.
Preciso de um ambientador novo.